A Polícia Federal concluiu o laudo pericial contábil-financeiro elaborado no âmbito da ação penal que investiga o ex-presidente da Unimed Cuiabá, Rubens de Oliveira, e seus ex-gestores por fraude no balanço contábil do exercício de 2022 da cooperativa. A perícia da Polícia Federal confirma um prejuízo contábil de R$ 400 milhões.
Embora o laudo pericial realizado pela Polícia Federal tenha sido concluído em 29 de outubro de 2025, o sigilo foi levantado somente na última quarta-feira (19). A decisão ocorreu apesar de Rubens de Oliveira e seu grupo tentarem impedir judicialmente a quebra do sigilo do documento técnico, expondo todos os detalhes e nuances de como atuava a ex-gestão.
Além de Rubens, o grupo de réus é composto por Suzana Aparecida Rodrigues dos Santos Palma (ex-diretora financeira); Jaqueline Proença Larrea (ex-assessora jurídica); Eroaldo de Oliveira (ex-CEO); Ana Paula Parizotto (ex-superintendente administrativa-financeira); e Tatiana Gracielle Bassan Leite (ex-assessora do ex-CEO).
A perícia encerra uma longa disputa de narrativas sobre a real situação financeira da cooperativa, já que Rubens e seu grupo tentavam, desde a descoberta do rombo, fazer cooperados e sociedade acreditarem que os R$ 400 milhões negativos nunca existiram.
O laudo oficial também confirma que o balanço de 2022 reapresentado pela atual gestão após auditoria externa independente – e que aponta um prejuízo de aproximadamente R$ 400 milhões - está correto e reflete a realidade da cooperativa. O documento é taxativo ao afirmar que o balanço apresentado anteriormente pelos ex-gestores, que indicava um superávit de R$ 371 mil, foi objeto de "distorções relevantes, fraudes e incorreções".
Motivação Eleitoral
Segundo a análise da Polícia Federal, as fraudes não foram erros acidentais. O perito criminal concluiu que existia uma "intensa disputa política" na cooperativa e que a maquiagem dos números serviu a um propósito específico: garantir a permanência do grupo do ex-presidente Rubens Carlos de Oliveira Junior no poder.
"A apresentação de balanço com resultado positivo era imprescindível para a reeleição do grupo de Rubens Carlos de Oliveira Junior para mais um mandato", destaca a conclusão da perícia.
Manobras fraudulentas
O laudo da PF contém 149 páginas e detalha como a antiga gestão criou uma "realidade paralela" para esconder o rombo milionário. Entre as irregularidades confirmadas estão:
Receitas Fictícias: Lançamento de valores a receber que não existiam, como um contrato de R$ 50 milhões com a empresa DASA, contabilizado integralmente de forma irregular para inflar o patrimônio, e notas fiscais sem fundamento econômico criadas apenas "para gerar receita".
"Pedalada" de Custos: A perícia identificou ordens expressas para alterar a data de pagamentos no sistema, empurrando despesas de 2022 para 2023, escondendo mais de R$ 120 milhões em custos.
Glosas Indevidas: Cancelamento de pagamentos a médicos e prestadores de forma aleatória para melhorar artificialmente o resultado financeiro.
Com o levantamento do sigilo, o laudo passa a ser peça fundamental no processo que julga os ex-diretores por crimes de falsidade ideológica e gestão fraudulenta.
NOTA DE ESCLARECIMENTO À SOCIEDADE E AOS MÉDICOS COOPERADOS – LAUDO PERICIAL
Como afirmado em novembro de 2024, logo após a soltura dos investigados Eroaldo de Oliveira, Ana Paula Parizotto e Tatiana Gracielle Bassan Leite, “esse teatro arquitetado para exposição ainda mais da imagem” deles está caindo por terra. O que vemos é mais uma tentativa ardil da ATUAL DIRETORIA DA UNIMED em distorcer a informação da perícia do Laudo n.º 983/2025 – SETEC/SRPF/MT. Divergentemente do que a UNIMED CUIABÁ, na posição de Assistente de Acusação está disseminando, o Laudo Pericial diz o contrário e por isto mesmo, a defesa de Eroaldo, Ana Paula e Tatiana se posicionou favorável quanto a abertura integral dos autos do processo (1028480-64.2023.4.01.3600), assim o controle da narrativa não fica apenas nas mãos da atual Diretoria da UNIMED CUIABÁ.
Vejamos os seguintes quesitos:
Quesito 40: As maiores (consideráveis – curva A) despesas glosadas no balanço 2022 foram de quais BENEFICIÁRIOS (empresas de que prestadores)? Foram essas despesas glosadas que retornaram no balanço 2022 reapresentado?
Resposta: Total de glosas que retornaram no balanço de 2022 foi de R$ 60.547.595 demonstrado no quadro a seguir retirado do relatório da auditoria PP&C Auditores Independentes.
Quesito 42: As “Contas A Pagar” estimadas em 206 Milhões, no ajuste contábil apontado pela PP&C, referem-se A QUAIS BENEFICIÁRIOS? São contas de que médicos ou empresas que foram inseridas no balanço 2022? Com a consideração que no Balanço 2023, houve UM AUMENTO EXPONENCIAL DE 2.600% em favor da produção dos Membros atualmente eleitos.
Resposta: Não consta nos autos o livro razão contábil que possibilite a identificação individual dos beneficiários das contas a pagar.
Quesito 134: As alterações promovidas no Balanço Patrimonial reapresentado de 2022 incluíram ajustes ou reconhecimento de contas referentes a exercícios anteriores a 2022?
Resposta: SIM. [...]
Quesito 155: A reapresentação do Balanço pode ter levado benefícios a prestadores específicos com o reconhecimento de contas antigas ou controversas, à rigor da prescrição contratual vigente?
Resposta: SIM. Pagamentos postergados e glosas antigas ou questionadas podem ter sido reprocessadas e retornado ao passivo exigível.
Quesito 175: A diferença de R$ 401.106.686,62 entre o resultado do balanço original e o resultado do balanço reapresentado corresponde a desvios de recursos, apropriação indébita ou qualquer outra forma de ilícito penal financeiro, ou trata-se de divergências de lançamentos, critérios e estimativas contábeis?
Resposta: NÃO FORAM COMPROVADOS DESVIOS DE RECURSOS, APROPRIAÇÃO INDÉBITA OU ILÍCITO PENAL FINANCEIRO saindo diretamente do caixa da UNIMED CUIABÁ para as contas dos réus, tendo em vista que a DFC – Demonstração do Fluxo de Caixa não foi alterada.
CONCLUSÃO DA PERÍCIA
1) Existia INTENSA DISPUTA POLÍTICA na UNIMED CUIABÁ na época dos fatos (2023) entre grupos antagônicos, sendo um capitaneado por Rubens Carlos de Oliveira Junior (gestão 2019-2023) e outro grupo capitaneado por Carlos Eduardo de Almeida Bouret (gestão 2023-2027). [...] 9) Houve ocorrência de reconhecimento de despesas consideradas supostamente prescritas do Hospital São Matheus e Hospital Santa Rosa;
10) Houve ocorrência de pagamento de R$ 2.496.672,41 entre 05/05/2023 e 10/03/2025, para a empresa Trinity Consultoria Ltda, CNPJ 50.203.860/0001-09, cujos sócios majoritários partir da 2ª alteração contratual de 03/01/2024 eram os delegados da Polícia Federal Carlos Eduardo Fistarol, CPF 023.682.929-77 e Rodrigo Piovesano Bartolamei, CPF 052.180.797-23. Carlos Eduardo Fistarol foi exonerado a pedido em 16/12/2024 e Rodrigo Piovesano Bartolamei está de licença não remunerada para tratar de interesses particulares desde 18/12/2023.
O que podemos extrair é que a atual gestão foi no bolso do Cooperado e embolsou mais de 150 milhões para cumprir com acordos escusos: contas glosadas em mais de 60 milhões que retornaram sem qualquer processo de reconhecimento (até hoje não foram todas abertas aos cooperados); o balanço é de 2022, mas foram consideradas contas de exercícios anteriores (e os demais balanços aprovados?); pagamento de empresa de delegados federais em mais de 2.5 milhões; entre outras “despesas” que favorecem o atual grupo diretivo.
O que podemos extrair é que a atual gestão foi no bolso do Cooperado e embolsou mais de 150 milhões para cumprir com acordos escusos: contas glosadas em mais de 60 milhões que retornaram sem qualquer processo de reconhecimento (até hoje não foram todas abertas aos cooperados); o balanço é de 2022, mas foram consideradas contas de exercícios anteriores (e os demais balanços aprovados?); pagamento de empresa de delegados federais em mais de 2.5 milhões; entre outras “despesas” que favorecem o atual grupo diretivo. Reforçamos, na oportunidade, a confiança na tecnicidade e imparcialidade das instituições federais, em especial a JUSTIÇA FEDERAL, que acompanha a matéria.















